Estes são os cinco primeiros artigos que você encontra nesta página:
Mas o que é cinema afinal?
O Fascínio dos Homens pela Imagem
Como nasceu o cinema
História do Cinema Brasileiro
O cinema americano e o surgimento de Hollywood
Sugira novos temas, boa leitura!
Mas o que é cinema
afinal?
Há mais de um século atrás o
homem experimentava uma nova forma de entretenimento: nascia o cinema. Pela
primeira vez a realidade era exibida por meio de IMAGENS EM MOVIMENTO, uma
maravilha da modernidade! Homens, mulheres, crianças e famílias inteiras se
surpreendiam com uma tela capaz de transportar o cotidiano para filmes que
podiam ser vistos várias vezes, por inúmeras pessoas e em diversos lugares.
Desde 1885, a
arte cinematográfica foi se desenvolvendo e quebrando barreiras, já em seu
nascimento foi considerada a arte do mágico, capaz de levar os espectadores a
ultrapassar os limites da imaginação, levando-os a conhecer novos lugares até
mesmo países...
Mas qual a importância de se
refletir esse assunto se nem ao menos temos cinema em nossa cidade? Descobrir
como se faz cinema, quem o faz, para que serve revela muito mais do que aquilo
que simplesmente conhecemos por produção e exibição de filmes, vai muito além
disso, trata-se de um poderoso
instrumento de educação, entretenimento e formação de opinião, age como
veículo político e ideológico e ainda há as importantes questões científicas,
industriais, econômicas e históricas.
Além do mais, no Brasil, quem
paga pela produção de filmes é você! Sim caro leitor, a indústria cinematográfica
é mantida através do governo por meio de incentivos fiscais e concursos
públicos realizados pelo Ministério da Cultura. Empresas privadas e públicas
como a Petrobrás (a maior e mais conhecida patrocinadora cultural do país)
recebem isenção fiscal a cada projeto patrocinado, chegado a ressarcir até 100%
do valor investido. Ou seja, pagamos pela produção dos filmes, fazemos
marketing para as empresas que o patrocinam e ainda pagamos ingresso para poder
assisti-los nas salas de exibição!
Esses e muitos outros assuntos
serão refletidos nos próximos artigos. Questões como por que os brasileiros não
gostam de filmes nacionais, por que Hollywood é a capital mundial do cinema,
como a crítica determina quais filmes são bons ou ruins, por que a indústria
cinematográfica é tão cara, qual é a história do cinema mundial e brasileiro,
que tipos de filmes existem, curiosidades, enfim, tudo sobre a fascinante
sétima arte desde seu nascimento até o futuro que as telonas nos reservam. Quem
sabe assim, possamos responder a pergunta: Mas o que é cinema afinal?
O Fascínio dos Homens pela Imagem
Neste segundo artigo sobre
cinema, vamos fazer um passeio histórico para descobrir por que o homem tem
tanto fascínio pela arte cinematográfica. O que há de tão especial na
reprodução da imagem do homem? Por que ele deseja tanto ser retratado ou
retratar as pessoas a seu redor? Essa fixação pode ser entendida com a evolução
da história da humanidade começando lá na época dos homens das cavernas. O
homem aprendeu a desenhar seu cotidiano nas rochas com gravuras e figuras sobre
as caçadas, os perigos existentes, culto e oferenda a seus deuses, essas foram as primeiras
formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza,
produzindo pequenas narrativas. Mais adiante, na civilização egípcia, o
significado das imagens dos seres humanos ganha outra importância: os mortos
eram protegidos por esculturas, gravuras e pinturas que deveriam substituir os
corpos numa tentativa de eternizar as pessoas após a morte e torna-las sempre
presentes.
Já em 1500, durante o Classicismo,
a arte dos grandes mestres como Da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre outros,
buscava elevar a figura humana à perfeição. Novas técnicas (perspectiva,
proporção) e o estudo científico alcançam resultados impressionantes. A imagem
do homem é retratada com maior precisão, é aí que surge o conceito do “Belo”
até hoje seguido por nossa sociedade, onde os padrões de beleza física são
buscados com exaustão. Séculos mais tarde, com a evolução tecnológica e depois
de muitas descobertas para captar e reproduzir imagens, surge em meados de 1820 a fotografia,
desenvolvida simultaneamente por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore
Niepce. As pinturas começaram a ser substituídas pelas fotografias que eram
muito mais reais e perfeitas. Com os avanços tecnológicos desse período,
descobriu-se que ao produzir várias fotos em seqüência e em intervalos muito
pequenos de tempo, era possível obter movimento. Estava descoberta a essência
do cinema: uma seqüência de imagens estáticas simultâneas que formam movimento quando
projetada!
E assim, com o decorrer da
história, evoluiu o fascínio do homem pela reprodução de imagens e da sua
própria imagem. Com a criação de nosso “duplo” (nossas imagens impressas ou
reproduzidas), podemos ficar eternizados através de pinturas, fotografias ou
filmagens e prolongar lembranças de pessoas, lugares ou acontecimentos e assim transmiti-las
aos nossos descendentes como fizeram os egípcios (tradição essa que ficou conhecida
como Complexo de Múmia). O interesse humano pelo cinema se justifica por essa
crença atribuída à imagem e por muitos outros fatores... O cinema brinca com o
fator psicológico, as imagens a que assistimos provocam reações muito pessoais.
Nelas nos identificamos com os personagens dos filmes, procuramos neles algo
que diga respeito a nós mesmos, nossos sonhos são como filmes. O cinema pode
tudo! É a arte do impossível, é a válvula de escape da nossa imaginação! E a
televisão, surgida na década de 50, é descendente direta do cinema e utiliza os
mesmos recursos para atrair seus espectadores. Até mesmo aquelas pessoas que não
são adeptas dos filmes estão sujeitas a magia das obras audiovisuais, não é
mesmo senhores noveleiros? Bem, nosso
próximo assunto será sobre a história do cinema. Como e quando surgiram os
primeiros filmes, essa não dá pra perder! Até mais!
Como nasceu o cinema
Já vimos como o homem adquiriu o
gosta pela imagem, hoje iremos conhecer o longo processo de tentativas e
invenções que o cinema levou para se estabelecer como nós o conhecemos em
nossos dias. Essa história também começa há muitos séculos atrás. Em vários
países e datas distintas surgiam novas maneiras de narrar histórias com imagens
em movimento.
Na China, 5.000 a.C., surgiu os
Jogos de Sombras, também conhecido como Teatro Chinês, onde se projetavam
sombras de bonecos, animais e objetos sobre paredes, havia um operador que manipulava
as marionetes ao mesmo tempo que ia narrando as histórias.
Já no século XV, Leonardo da Vinci inicia os estudos sobre
a Câmera Escura e no século XVI o físico Giambattista Della Porta desenvolve o
projeto. A câmera escura era nada mais que uma caixa fechada com um pequeno
furo por onde entrava a luz. Esses raios de luz se cruzavam formando as imagens
no interior da caixa. Para ver as imagens as pessoas tinham que olhar dentro da
caixa.
Um século mais tarde, XVII, o alemão Athanasius Kirchner
cria a Lanterna Mágica. A nova caixa tinha o interior iluminado por uma vela,
desse modo, podia se projetar imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. A
lanterna mágica baseia-se no processo inverso da câmera escura: ao invés de
captar imagens para dentro da caixa, ela projetava sobre uma tela ou parede as
imagens feitas na lâmina de vidro.
O mundo começa a atravessar a fase da Revolução Industrial.
Vários países passam a desenvolver e experimentar novas ferramentas e máquinas.
Enquanto um projeto era desenvolvido em um país, outro projeto semelhante podia
ser estudado do outro lado do mundo. Por exemplo, um projeto que estivesse
sendo desenvolvido nos Estados Unidos, também podia estar sendo estudado na
França num mesmo período. Por isso as novas invenções eram aperfeiçoadas com
muita rapidez e vários países tinham acesso a elas.
Com a descoberta da fotografia (com Daguerre e Niepce, como
vimos no artigo passado), e com essa corrida industrial pelo mundo afora, aquelas
velhas técnicas “rudimentares” de projetar imagens começam a ser substituídas
por equipamentos mais sofisticados. Uma infinidade deles foram criados, vejamos
os principais:
Fenacistoscópio - 1832, o físico belga Joseph-Antoine
Plateau inventa um aparelho formado por um disco com várias figuras desenhadas
em posições diferentes. Ao girar o disco, elas adquirem movimento.
Experiência Muybridge - 1872, o inglês Edward Muybridge faz
uma aposta com seus amigos para provar que um cavalo fica com as quatro patas
no ar enquanto corre. Para isso, instalou 24 máquinas fotográficas em
intervalos regulares ao longo de uma pista de corrida e ligou a cada máquina
fios que atravessam a pista. Com a passagem do cavalo, os fios eram rompidos,
desencadeando o disparo sucessivo das máquinas, que produzem 24 poses
consecutivas. Assim descobriram que uma seqüência de imagens consecutivas
formava movimento quando projetada.
Praxinoscópio - 1877, o francês Émile Reynaud inventa o aparelho
que projeta na tela imagens desenhadas sobre fitas transparentes, a princípio
uma máquina primitiva, composta por uma caixa de biscoitos e um único espelho.
Fuzil fotográfico - 1878, o fisiologista francês
Étienne-Jules Marey desenvolve o fuzil fotográfico, ele se baseou na
experiência de Muybridge e criou um tambor forrado por dentro com uma chapa
fotográfica circular. Assim projetava uma seqüência de fotos a uma velocidade
maior, obtendo movimento.
Cinetoscópio –1891, o norte-americano Thomas Alva Edison
inventa uma máquina em que se podia assistir pequenos filmes numa tela em seu
interior, mas as imagens só podem ser vistas por um espectador de cada vez. Edison
projetava seus próprios filmes, como o “Black Maria” - (1890), o primeiro filme
da história do cinema.
Cinematógrafo – 1895, os irmãos franceses Auguste e Louis
Lumière idealizam uma espécie de ancestral da filmadora – é movido a manivela e
utiliza negativos perfurados, substituindo a ação de várias máquinas
fotográficas para registrar o movimento. O cinematógrafo torna possível,
também, a projeção das imagens para o público. O nome do aparelho passou a
identificar, em todas as línguas, a nova arte (ciné, cinema, kino etc.).
E assim o cinematógrafo foi se desenvolvendo... mas a
história não acaba por aí. No próximo artigo iremos ver como foram as primeiras
projeções, sobre o que tratavam os filmes, a reação do público e os avanços que
o cinema ainda ia adquirir com o passar do tempo. Até mais.
História do Cinema Brasileiro
O cinema nasceu na Europa, se
consolidou nos estados Unidos e não demorou muito para chegar à querida “Terra
Brasilis”. Na verdade, o cinema expandiu-se rapidamente por todo o mundo, mas
só pôde se desenvolver naqueles países que ofereceram condições básicas para
sustentar essa indústria. Há pouca distância entre o surgimento do cinema e sua
chegada ao Brasil, porém, nos faltava equipamentos e técnicos que soubessem
operá-los. Bom, nesse período até a energia elétrica era privilégio de poucas
cidades, desse modo, poucas salas de cinema podiam funcionar.
No início do séc. XIX, o mundo
passava por uma fase de grande crescimento industrial, mas o Brasil ainda vivia
da economia agrária e necessitava importar equipamentos, ferramentas básicas e
tudo aquilo que ainda não era produzido aqui. Em 1896, chega ao porto
brasileiro o navio Brèsil vindo da
Europa, nele vinha Alfonso Segreto que trazia consigo um novo equipamento. Com
esse equipamento, Segreto filma a Baia de Guanabara esse é o primeiro registro
cinematográfico brasileiro!
Mesmo em condições precárias,
entre os anos de 1898 e 1911 o cinema brasileiro atravessou uma fase chamada
Bela Época. Como as importações eram grandes trouxeram equipamentos e houve uma
série de produção de filmes. Mas logo os capitalistas americanos invadem o
nosso mercado, instalam suas salas de cinema, taxam a importação de
equipamentos, criam dificuldades à produção nacional e dominam o mercado. O
público brasileiro se apaixona pelos filmes americanos, também nem havia como
concorrer com a qualidade de suas produções.
Na década de 1930, a indústria
cresce com toda a força no Brasil, surgem as primeiras produtoras como a
Cinédia e a Brasil Vita Filmes. Nessa época o cinema americano passa por
dificuldades com a transição para o filme sonoro. Seus filmes chegavam aqui no
Brasil com legendas, mas nossos espectadores não se acostumaram com essa
inovação, começam a rejeitar as fitas importadas e voltam a ver filmes
nacionais. Em 1940, surge o estúdio da Atlântida, onde se produziam os famosos
filmes da chanchada, o sucesso era garantido pelos novos astros Oscarito e
Grande Otelo.
Em 1950, surge o maior estúdio
brasileiro de todos os tempos: a Vera Cruz (conhecida como a Hollywood
brasileira). Havia larga produção em escala industrial. Lá foram filmados os
primeiros filmes do Mazzaropi além de importantes obras que fizeram história e
chegaram a ganhar prêmios importantes como Cannes (O Cangaceiro, 1953- de Lima Barreto). Mas a companhia logo entrou
em falência devido aos enormes custos.
Os anos seguintes foram marcados
por profundas mudanças, nosso cinema sofreu influência dos novos pensadores do
cinema nacional, o pessoal do Cinema Novo. Glauber Rocha foi o maior expoente
dessa geração. No mais, os tempos eram difíceis, a ditadura militar instala a
censura, o mercado estava novamente nas mãos dos americanos, ou seja, não havia
público, dinheiro para produzir nem liberdade de expressão.
Mais recentemente, o cinema
nacional sofreu outro golpe: o governo Collor toma medidas drásticas que fecham
as portas à industria cinematográfica (media de produção de 1 ou 2 filmes por
ano). Apenas “Os Trapalhões” e “Xuxa” conseguem produzir nesse período!
Essa é a história do cinema
brasileiro... por essas e outras podemos ver porque nossa indústria é fraca e
caminha a passos lentos. Hoje estamos num período chamado de “Retomada”, mas
ainda colhemos os frutos de cento e onze anos de dominação americana e inúmeros
desgastes e empecilhos que impediram a prosperidade da sétima arte em nosso
país.
O cinema americano e o surgimento de Hollywood
Quando o assunto é cinema logo
imaginamos grandes produções americanas, com astros famosos, efeitos especiais
e o glamour de Hollywood. Os americanos lideram a preferência do público
mundial e possuem a maior e mais cara indústria cinematográfica do mundo, mas
por que será que eles alcançaram essa condição? No artigo de hoje, iremos
descobrir como os Estados Unidos dominaram o mercado mundial de cinema e como
nasceu a fábrica de sonhos chamada Hollywood.
Como vimos nos últimos artigos, o
cinema se desenvolveu e tornou-se uma indústria cara e complexa. Logo no
início, os produtores perceberam que o negócio prometia lucros extraordinários,
passando de simples comércio artesanal a uma grande indústria. Mais do que
arte, essa indústria sempre foi movida por interesses comerciais.
O fato é que a Europa dominava o
mercado mundial de cinema logo no seu nascimento. A Inglaterra contribuiu com o
desenvolvimento da linguagem e dos estudos cinematográficos, a França por sua
vez, dominava a produção e o mercado mundial com a companhia de Charles Pathé,
enquanto os irmãos Lumière aperfeiçoavam e patenteavam seus equipamentos. Os
filmes começaram a multiplicar o tempo de duração gerando concorrência no
mercado e obrigando os americanos a elaborar melhor seus filmes. Entre 1907 e
1908 o números de produtoras havia duplicado.
A produção americana se
concentrava em Nova York e Chicago, mas nessa região o inverno era rigoroso na maior parte do ano,
como o cinema necessitava de muita luz e ainda utilizava o sol como principal
fonte de iluminação necessitaram encontrar uma região com melhores condições
climáticas onde se pudesse aproveitar a luz solar. Nessa altura, os produtores
cismam com a Califórnia , lá havia sol o ano inteiro, não era muito quente e
ficava próximo à fronteira do México (ideal para utilizar índios legítimos nas
filmagens dos filmes de western).
Construído na década de 1920 por H.J. Whitley o
sinal divulgava "HOLLYWOODLAND" originalmente, para divulgar um novo distrito
residencial em Los Angeles. As letras "LAND" foram
removidas em 1949. Fonte -
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_de_Hollywood
|
De lá para cá, os Estados Unidos deram
impulso rumo a dominação do mercado mundial. Em 1914, com a primeira guerra mundial
a Europa passava por recessos, sua produção diminui brutalmente e os EUA assume
o mercado. No ano seguinte, David W. Griffith (diretor americano) lança o
primeiro longa metragem da história “O nascimento de uma nação”-1915, com 190
minutos, ele traz inovações técnicas e fica conhecido como o pai da nova
narrativa cinematográfica (essa da qual estamos acostumados atualmente).
Grandes banqueiros investem dinheiro nos estúdios de Hollywood. A MPPC, um
grupo com os nove maiores produtores americanos e franceses se unem para a
criação de leis protecionistas, contratos de exclusividade, implantação de
taxas e uma série de atitudes que lhes garantissem a hegemonia do mercado.
Outro grande colaborador foi a
descoberta do Star System. Hollywood encontra a principal arma para atrair o
público: o “estrelismo”. Cada estúdio possuía um ator ou atriz principal que se
tornaria alvo do delírio de fã clubes. Contratos milionários, entrevistas,
fotos em revistas e jornais, sessões de autógrafos, papéis escritos
especialmente para cada ator, enfim era o ingrediente que faltava para estourar
as bilheterias americanas.
Assim, em 1920, os Estados Unidos
já havia se consolidado como a maior indústria cinematográfica. Exibidores e
distribuidores uniram-se em conglomerados autônomos e expandiram seu domínio
sobre o resto do mundo. Não havia como concorrer com a qualidade de seus
filmes, além de que o sistema de distribuição e exibição também lhes pertencia,
ou seja, mesmo aqui no Brasil ou em outros países, não havia espaço para a
exibição de filmes nacionais, pois a cadeia pertencia aos americanos que podiam
controlar quais filmes seriam exibidos.